Ideias Incríveis!

Ideias Incríveis!

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3 de mai. de 2012

SALVIA ASSASSINA


 Não há muito tempo morava em Minas Gerais, para ser mais precisa, numa cidade próxima a Teófilo Otoni, uma moça muito linda e elegante, de nome Papoula. Ainda que tivesse que ganhar a vida com suas próprias mãos, sua alma não era tão pobre que não ousasse receber o amor. E o amor chegou, transformado nos atos e nas palavras de um rapazinho que por muito tempo andou dando a entender que queria entrar em seu espírito. Ela portanto recebeu o amor em sua própria alma, com o agradável aspecto do rapaz que amava, e que se chamava Didimo. Papoula passou a alimentar fortes desejos pelo jovem. De sua parte, tornara-se o moço solícito e interessado. Sucedeu que ele criou mais ânimo do que lhe era costumeiro, e que ela colocou de lado muito do medo e da vergonha que tinha, e por esta forma uniram-se ambos no desfrute de prazeres simples e comuns. Tais prazeres agradavam muito a uma das partes como à outra. Tanto isto ocorreu que, em lugar de um esperar o convite do outro, cada qual se adiantava para formular o convite. Certa vez, disse Didimo a Papoula que gostaria de que ela achasse um modo de poder ir ao horto florestal, com a finalidade de ali permanecerem juntos com mais comodidade. Papoula afirmou que isto seria de seu agrado. Num domingo, junto com uma amiga de nome Gina, partiu ela para o horto.

 
Encontrou-se com Didimo, que de sua parte, lá fora com um amigo chamado Lolo. Novas relações amorosas seriam travadas ali. Didimo e Papoula foram para um canto do horto, para desfrutar mais intimamente os seus prazeres, e Gina e Lolo foram para outo canto. Naquele recanto para onde Papoula e Didimo tinham ido, havia uma enorme plantação de sálvia, muito linda. Ao pé desta os dois se sentaram, desfrutando um do outro os mais deliciosos prazeres. Em seguida puseram-se os dois a falar de um certo piquenique que queriam realizar. Assim conversando, Didimo voltou-se para a plantação, apanhou uma folha de sálvia e com ela pôs-se a esfregar os próprios dentes, a gengiva e a língua, afirmando que a sálvia limpava muito bem os dentes e gengivas, retirando tudo que ali pudesse ter ficado após alguma refeição. Depois de realizar aquele esfregamento por alguns momentos, Didimo retornou à falar sobre o piquenique de que há pouco se falara. Não continuou falando por muito tempo, pois logo começou a transmudar-se o aspecto de seu rosto, em seguida perdeu a vista e o dom da palavra, e em poucos momentos, caiu morto. Ao assistir a todas estas coisas, Papoula pôs-se a chorar e a gritar.



Lolo e Gina vieram correndo, e perceberam que Didimo não só estava morto, como ainda inchado e todo coberto de manchas escuras. O corpo estava inchado como se fosse um barril. Vendo este quadro, Gina gritou para Papoula: - Ah! Mulher perversa! Você o envenenou! Gina fez uma tão grande zoeira, que muita gente escutou. Vizinhos do horto acorrendo aos gritos, encaminharam-se para o local. Gina acusava Papoula de ter atraído, com astúcia o amigo, para depois o envenenar. Papoula estava surpresa por causa da dor do acidente inesperado e desconsertante que lhe roubara o homem que amava. Ela estava fora de si. Não sabendo nem mesmo defender-se, por isso, Lolo também gritava que Papoula envenenara Didimo. Os vizinhos seguraram-na, ainda que ela continuasse chorando convulsivamente. Levaram-na para a delegacia, onde o delegado começou a interrogar Papoula sobre o ocorrido. Não podendo entender como poderia ela ter procedido com malícia ou ser culpada, o delegado quis ver, junto com ela, o corpo e o local da ocorrência. E a fez reconstituir a cena, conforme o que ela dizia. Visto que, somente pelas palavras, não era possível entender tudo que ocorrera, Papoula chegou perto da moita de sálvia e começou a narrar, pormenorizadamente, junto ao delegado, todos os antecedentes do fato. Ela quis demonstrar, plenamente, com fatos, como o acidente ocorrera e para tanto, fez da mesma maneira.... Logo tomouuma daquelas folhas, e esfregou nos próprios dentes. Papoula, pobrezinha, que continuava amendrontada pelo receio de ser presa, tomba por fim no mesmo acidente. O delegado, espantado com aquilo, nem mesmo soube o que dizer. Meditou, meditou, durante muito tempo, e depois disse com serenidade: - Isto demonstra que esta sálvia é venenosa. Que ela seja cortada até as raízes e colocada no fogo. Antes de ser cortada toda a moita, no entanto, notaram que existia ali um sapo de impressionante tamanho e concluiu-se que a planta se tornara venenosa por causa do bafo venenoso daquele animal.

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