Ideias Incríveis!

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7 de ago. de 2012

Aconteceu em Jaú - Pulguéria, Bita e o Brucutu


  Era dezembro de  1970. Em Jaú o relógio marcava 17h30 na casa do seu Frumêncio. Esta estava em festa, com a presença das irmãs, cunhados e sobrinhos de Pulguéria. Faziam ponche, abriam cervejas e vinhos, enquanto as irmãs preparavam variadas porções. Era um começo de noite fresca, de lua cheia e Pulguéria começou a bebericar o ponche. Ia para a rua, conversava com as amigas que estavam na frente da sua casa, voltava e bebericava o ponche disfarçadamente, e assim fez várias vezes, sem que ninguém desse conta, tal era o falatório.
Na rua, Pulguéria, com um olhar perdido, comentou com sua irmã Fiameta:
- Bem que o Bita podia estar aqui...
Sua irmã nada respondeu e ela entrou e bebericou mais um pouquinho do ponche, enquanto a familía se distraia entre o maior falatório. As luzes da Avenida Frederico Ozanan foram acesas, e Pulguéria continuou naquele entra e sai.
Logo começou a se atrapalhar com as palavras, quando convidou os amigos:
-Vamos brincar de na mula...uma mula, mula uma...sei lá, vocês entenderam, né?
Todos se olharam, já vendo que Pulguéria não ia conseguir pular ninguém. De repente ela segurou no portão e começou a gritar, para espanto de todos:
- Eu quero o Biiita!... Bitaaa! Vem aqui Bitaa!!
As jovens conheciam o tal Bita, mas ele não dava bola para Pulguéria, pois era bem mais velho e
ela era apenas uma adolescente de 14 anos de idade.
- Pára de gritar! - Aconselhou Frideberto, primo de Pulguéria - Senão seu pai vem aqui! Páara!...
Mas Pulguéria não dava ouvidos, e começava novamente:
- Bitaaaaaa! Ei, Bita... eu quero o Biiiitaaaaa!!! Vai buscar o Bita!
O ponche já tinha feito seu efeito devastador sobre a enamorada Pulguéria.Tentaram tapar-lhe a boca, mas ela escapava; tentaram puxá-la para longe da casa, mais ela voltava e agarrava no portão e gritava alto, bem alto...
-Bitaaaa! Vem aqui Bitaaaa!!!!
A gritaria da menina causou um grande silêncio dentro da casa do seu Frumêncio, já que pararam o falatório e risos para escutar os gritos que vinha da rua. Quem estaria gritando tanto? Seu Frumêncio logo percebeu quem era a dona daqueles gritos. Tirou o cinto, dobrou-o e saiu com ele na mão, soltando fumaça pelas ventas. Atrás dele seus genros e filhas e sua esposa dona Evermonda, tentando acalmá-lo.
- Vou acabar já com essa gritaria, com essa palhaçada! Tá vendo o que dá fazer tudo que criança quer? - Reclamava seu Frumêncio - quando pediu a boneca Blá -Blá, fui correndo comprar; depois quis o boneco Blim- Blim,  lá fui eu...Não contente, quis o anel Brucutu do Roberto Carlos! Olha o que deu o anel "é uma brasa mora"...Olha! Isso é uma brasa mesmo!

 
Concluindo as reclamações, seu Frumêncio olhou para Pulguéria, cerrou os dentes e mostrou o cinto dobrado:
- Olha aqui o Bita! Você quer o Bita? Olha aqui ele!
E deu-lhe uma cintada nas pernas.
Pulguéria chorando, repetiu baixinho:
- Quero o Bitaaa...
Em minutos ela foi arrastada para dentro da casa para a tristeza de suas amigas da rua. O ponche ainda não havia acabado, mas a festa já havia acabado para Pulguéria.
E os anos passaram, muitos e muitos, e Pulguéria, por ironia do destino, acabou indo morar numa cidade chamada Barra Bonita aonde existe um bairro na entrada da mesma, conhecido por todos pelo nome de  "Bita". É mole?!

Nota do Blog: O “anel Brucutu” foi uma febre criada pela Jovem Guarda. Rapazes e moças achavam o máximo usar um anel enfeitado com o tal Brucutu, que era uma peçinha do Fusca, responsável por esguichar água no para-brisa. A peça tinha o autoexplicativo nome técnico de “bico ejetor de água para o para-brisas”. O apelido, claro, veio da música Brucutu, de Roberto e Erasmo Carlos.

    

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