Ideias Incríveis!

Ideias Incríveis!

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29 de jul. de 2012

A Cidade Do Recife





Pátria do meu amor! Recife linda!
Como te guarda o meu saudoso olhar!
Velas ao longe... Os coqueiros de Olinda...
E uma terra a nascer da água do mar...

Um céu de estrelas que antevejo ainda,
Sob as pontes, o rio a se estirar...
Noites de lua... de saudade infinda...
Brancas, que dão vontade de chorar...

Filho ingrato, parti... Mas nem um dia
Deixei de te lembrar, po mundo alheio,
Onde me trouxe a glória fugidia!

Pátria, quando eu morrer, piedosa e boa,
Dá que eu durma o meu sono no teu seio,
Como um seio de mãe que ama e perdoa...
                                             Adelmar Tavares 

27 de jul. de 2012

Aconteceu em Jaú: Hilarião e Pulguéria - Um romance escrito a giz

                                          O amor é eterno enquanto dura -  Vinícius de Morais

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente  considera-se adolescente jovens de 12 a 18 anos de idade. Se você já passou por essa fase, sabe muito bem quais são as transformações que acontecem nesse período,  seja no nosso corpo ou na nossa mente.
A novidade nessa idade é a descoberta do amor, pois  durante a adolescência  os desejos se despertam e a paixão torna-se avassaladora.  Tudo é muito intenso, forte e  "eterno" e assim aconteceu com Hilarião e Pulguéria. Se os muros da casa da Dona Frumência falassem muito poderia ser contado. Logo cedo Pulguéria já estava com os olhares no quintal de Hilarião. E ele, ao cair da tarde, sempre passeava pelo jardim nos fundos da casa e vez ou outra subia no muro muito agilmente, quando sabia que Dona Frumência não estava ali perto. Sentiam aquele  encantamento que o amor dá. E ela não perdia de vista Hilarião, para inspirar-lhe segurança e calma, e ficava muito contente.
Nessa circunstância ficaram por muito tempo, pois nenhum deles se arriscava a declarar-se ao outro o que sentia, ainda que ambos o desejassem. Assim, estavam inflamados pelo amor. Mas Pulguéria resolvera afastar o receio que os cercava. Fez um caderno tipo diário, com poesias de J. G. de Araújo Jorge, um dos poetas ícone dos apaixonados naquela época, com fotos de casais enamorados que saiam nas fotonovelas escritas por Janete Clair na série Amor, da Editora Vecchi, se bem me lembro...
A jovem, que estava com 14 anos mais ou menos, recortava com carinho as melhores cenas e colava junto com um beijo dado por ela mesma com seu melhor batom. Cartas de amor também eram escritas neste caderno. O caderno, quando pronto, foi entregue junto com uma rosa vermelha, ao amado (e pasmado) Hilarião.
E o famoso “namoro de portão” teve início, sob a  vigilância militar de pais e irmãs de Pulguéria. 
Aconteceu certo dia o que  é comum ocorrer às vezes. Nada que pudesse acarretar o fim do Planeta, mas para Pulguéria foi como a morte...Certa tarde Hilarião, passeando no seu quintal, olhou para o quintal da namorada. Este estava cheio de roupas íntimas secando ao sol, e ele, a título de brincadeira, começou a contar as peças do varal.   Pulguéria sai  para o quintal e, surpreendida e vexada  pelo ato de Hilarião, voltou correndo e chorando para dentro de casa. O céu se encheu depressa de nuvens negras...
Pouco depois,  na Avenida Frederico Ozanan, onde ficavam a casa dela e de Hilarião,  iria testemunhar uma guerra de ira adolescente.  Espumando de raiva por ter sua intimidade atingida, Pulguéria saiu e foi para o portão com um giz na mão  e escreveu em letras garrafais na lisa calçada  de cimento em frente a casa do rapaz: HILARIÃO XERETA  LADRÃO! – O ladrão era para dar rima, acho...
Ele, quando viu tal escrito, não se fez de rogado. Apanhando também um giz,  foi bem em frente da casa de Pulguéria e escreveu, com letras ainda maiores que as usadas por Pulguéria:  PULGUÉRIA MAGRELA E BACTÉRIA! – O rapaz também sabia rimar...
Assim,  após quase um ano de paquera quando o “grande amor” finalmente foi declarado, Hilarião e Pulguéria declaravam, em apenas uma tarde, seu ódio.

25 de jul. de 2012

Michael Jackson The Experience - Triller


Queimada


Nesses campos tão diversos pelo matiz das cores, o capim,
crescido e ressicado, pelo ardor do sol, transforma-se  em
vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum
tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha
do seu isqueiro.
Minando à surda na touceira queda a vívida centelha. 
Corra daí a instante qualquer aragem, por débil que seja, e
levanta-se a língua de fogo esguia e tremula, como que a 
contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que diante
dela se abrem. Soprem então as auras com mais força, e de
mil pontos a um tempo rebentam sofregas labaredas que  se 
enroscam umas nas outras, pelos matagais de taquaras , até
esbarrarem de encontro a alguma margem de rio que não 
possam transpor, caso não as tanja para além o vento, ajudando
com valente fôlego a larga obra da destruição.
Aclamado aquele ímpeto por falta de alimento, fica tudo
debaixo de espessa camada de cinzas. O fogo, detido em
pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo,
vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo,
deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento
lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos.
 
 
Através da atmosfera nublada mal pode então coar a luz
do sol. A incineração é completa, o calor intenso, e nos 
ares revoltos volitam palhinhas carboretadas, detritos, argueiros
e grânulos de carvão que redemoinham, sobem, descem e se
emaranham nos sorvedouros e adelgaçadas trombas, 
caprichosamente formadas pelas aragens, ao embaterem umas
de encontro a outras.
                                                             Visconde de Taunay

Visconde de Taunay (Rio de Janeiro, 1843-1899).

 

Michael Jackson - Smooth Criminal


Um Cromo - Natureza


Uma laranjeira, numa das faces do sobrado, derramava
ondas de perfume no quarto que olha para o nascente. Do
lado direito, uma porta no muro dava acesso ao pomar,
abrindo quase sobre um rego d'água, abundante, murmuroso,
arrastando em pequenas balsas de folha de embaúba borboletas 
de grandes asas oculadas de azul. A água do rego caía 
coleando os canteiros e lambendo preguiçosamente as raízes
das mangueiras seculares, das laranjeiras em flor.
Debruçada sobre a porta dizente ao pomar uma grande
árvore viçosa, de compridas folhas encarnadas, atraiu um
enxame de besouros, de maribondos e de beija-flôres 
cinzentos, cuja cauda branca abria-se em tesouras. E os 
pequenos seres alados, numa embriaguez de sons e de cores,
banqueteavam-se no leite viscoso da árvore.
No centro do largo pátio, um cavalo escarvava a terra,
dobrando depois os joelhos e espojando-se voluptuosamente,
à  procura de refrigério.
Junto ao muro da frente, velho boi carreiro, de pescoço
alçado, orelhas aprumadas e olhos fitos na lombada do morro
fronteiro, mugia, dolentemente, chorando talvez os companheiros
longínquos, despedindo-se talvez, com esse gemido
selvagem , repassado de angústia, dos campos saudosos de Cana
Brava, onde até então pompeara  a sua independência de filho
dos sertões. Um joão- de- barro, cheio de susto, chamava 
ansiosamente pela companheira, pulando, remexendo-se na porta
de sua casinha, levantada sobre o galho do jenipapeiro, à beira
do curral. A companheira respondia ao longe e continuava a
caçar insetos. Ouvia-se também ao longe o gemido das juritis
num chavascal escuro.  Todos os seres vivos procuravam a
sombra, na hora canicular da sesta. E o sol a pino requeimava 
a terra numa grande inundação de luz.
                                                                Afonso Arinos


23 de jul. de 2012

O semeador

 

O semeador

- " Não semeeis à beira dos caminhos
Ou sobre o pedregal ao sol fremente,
Nem consintais que a vívida semente
Role de vossas mãos entre os espinhos.

A prudência constante da serpente
Tende ao plantar, temei os passarinhos,
O sol de fogo, a inveja dos vizinhos
E a maldade do joio impertinente.

Plantai em boa terra, e grande messe
De frutos havereis". O mar cantava,
Múrmuro, leve, em trêmulos de prece.

Floria a terra virginal e mansa...
Na alma da multidão Jesus plantava
A semente do amor e da esperança.
        
                                   Durval de Morais 

Só ouça se estiver estressado...




Cria o teu ritmo




Cria o teu ritmo a cada momento,
ritmo grave ou límpido ou melancólico,
ritmo de flauta desenhando no ar imagens claras
de bosques, de águas múrmuras, de pés ligeiros e de asas:
ritmo de harpas,
ritmo de bronzes,
ritmo de pedras,
ritmo de colunas severas ou risonhas,
ritmo de estátuas,
ritmo de montanhas,
ritmo de ondas,
ritmo de dor ou ritmo de alegrias!
Não esgotes jamais a fonte da tua poesia,
enche a bilha de barro ou o cântaro de granito
com o sangue da tua carne e as vozes do teu espírito!
Cria o teu ritmo livremente,
como a natureza cria as árvores a as ervas rasteira.
Cria o teu ritmo e criarás o mundo.
                                       
                                              Ronald de Carvalho

22 de jul. de 2012

Aqui Estou




Nesse tempo Jesus ainda não saíra da Galiléia, das margens
do lago de Genezaré, mas a nova dos seus milagres chegara
já a Sichem, cidade rica, entre vinhedos, no país de Samaria.
Ora, junto a Sichem, num casebre, vivia uma viúva, desgraçada
entre todas, e tinha um filho, doente com muita febre.
O chão miserável não era coberto nem nele havia um simples 
colchão de palha...
Na lampada de barro vermelho secara o azeite. O grão faltava
na arca, o ruído dormente do moinho doméstico cessara, e
esta era em Israel a evidência cruel de infinita miséria.
A pobre mãe, sentada ao canto, chorava, estendida sobre
seus joelhos, embrulhada em farrapos, pálida e tremendo
toda...A criança pedia-lhe, numa voz débil como um suspiro,
que lhe fosse chamar esse Rabi da Galiléia, de quem ouvira
falar junto ao poço de Jacó, que amava as crianças, nutria
as multidões e curava todos os males humanos com a carícia
das suas mãos. E a mãe dizia chorando:
- Como queres que eu te deixe, e vá procurar o Rabi
da Galiléia? Obed é rico e tem servos, eu vi-os passar, debalde
buscavam Jesus por aldeias e cidades, desde Chorazi

até ao país de Moab. Septimus é forte e tem soldados, eu
vi-os passar e perguntaram por Jesus sem o achar, desde o
Hebron até o mar. Como queres tu que eu te deixe? Jesus
está longe, a nossa dor está conosco. E sem dúvida o Rabi,
que lê nas Sinagogas os Salmos e Profetas, não escuta as queixas
de uma mãe de Samaria, que só sabe ir orar, como outrora, no alto

do monte Gerazim.
A criança, com os olhos cerrados, pálida e como morta,
murmurou o nome de Jesus, e a mãe dizia chorando:
- De que me servia, filho, partir e ir procurá-lo ? Longas 
são as estradas da Síria, curta é a piedade dos homens.
Vendo-me tão pobre e tão só, os cães viriam ladrar à porta
dos casais, de certo que Jesus morreu, e com ele morreu uma
vez mais toda a esperança dos tristes.
Pálida e desfalecida, a criança murmurou:
- Mãe, eu queria ver Jesus da Galiléia.
E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse
à criança:
- Aqui estou.                                        
                                                                Eça de Queiroz

Coelho Neto - Noturno


 

Ó, grande noite serena, mãe dos lírios, dá-nos a luz da
tua  lampada suave para que ainda possamos ver esses caminhos
por onde vamos, que dizem ser de lindo aspecto: boeiros de
mármore e todo o leito da estrada de cascalhos de gandarela.  
Vem ao céu, plenilúnio argentino, desabrocha e aclara o nosso itinerário!
Sobre o cimo de um monte o revérbero diáfano aparece:
é o luar, emerge uma aresta aguda e, vagaroso, o crescente
rutila recortando o azul como a lâmina de uma foice.
Linda noite, murmuram. Debruço-me à janela do vagão
olhando a paisagem banhada no alvo e transparente luar...
Abrupto, densas trevas cegam-me, de chôfre range o trem,
solavanca, trepida, estronda, através da espessidão tenebrosa
de um túnel... O luar de novo, montes com grande acúmulos
de sombra e fagulhas que passam no ar frio da noite sossegada.
Ao longe, raro em raro, luzes, choças, de certo cantam
lá dentro modas sertanejas. Que saudades me trazem estas
cabanas pobres!...
Minha terra! Minha terra! Nas campinas do teu sertão é
assim que a gente mora, - uma cabana de palha e o vasto
campo em torno. Entanto, a Felicidade parece que prefere
as choças - raro é o pranto, e o sorriso é o penate rústico.
                                                         Coelho Neto

 


21 de jul. de 2012

Manuel Bandeira - A estrela


      Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

    Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

  Porque de sua distância
Para minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Porque tão alta luzia?

  E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

Este pequeno poema faz parte de Lira dos Cinquentanos, de Manuel Bandeira, poeta contemporâneo
( nascido em 1886 )

Casimiro de Abreu - Na dança

Tu, ontem,                      Na valsa
Na dança                       Tão falsa,
Que cansa,                    Corrias,
Voavas                          Fugias,
Co'as faces                   Ardente,
Em rosas                      Contente
Formosas                     Tranquila,
De vivo                        Serena,
Lascivo                        Sem pena
Carmim                        De mim!

19 de jul. de 2012

São Jorge - O Santo Guerreiro



São Jorge é conhecido por vários nomes e em quase todos os países. Ele nasceu na antiga Capadócia, hoje Turquia. Jorge foi um soldado e, por ser também cristão na época do império romano, foi torturado e morto.
Segundo a história, mesmo sendo soldado, Jorge falava sobre Jesus e com isso conseguiu atrair muitas pessoas para o cristianismo. Isso irritou profundamente o perverso imperador Diocleciano, que mandou prender Jorge e depois degolá-lo.
Não se sabe quando Jorge foi beatificado, mas o interessante é que ele ficou sendo conhecido como Santo Guerreiro e, a lenda diz que ele matou o dragão para o qual a princesa Sabra seria oferecida em sacrifício. Jorge depois se casaria com a princesa.
Sua imagem mais famosa é a que ele aparece montado em um cavalo branco atacando o dragão com sua lança. De acordo com os mais antigos as manchas na lua formam a figura de Jorge em luta com o dragão. Em algumas crenças religiosas São Jorge, seu cavalo e sua espada estão sempre prontos a socorrer quem lhes pede ajuda.
São Jorge é patrono de Moscou, Barcelona, Portugal, Inglaterra, Geórgia, Lituânia e Catalunha. Todos os citados países e cidades têm em suas bandeiras a cruz de São Jorge, que é uma cruz vermelha sobre fundo branco. Além disso o cristão guerreiro é padroeiro ( defensor ) do Escotismo e da Cavalaria do Exército Brasileiro.

 Cartaz de São Jorge em luta com o dragão produzido
na Inglaterra em 1919, na Primeira Guerra Mundial

18 de jul. de 2012

Star Forever - Rubens de Falco

Ele ficou consagrado como o grande vilão da teledramaturgia brasileira.

Rubens de Falco, apresentação de Slides

14 de jul. de 2012

FERNÃO CAPELO GAIVOTA - A história através das canções


Fernão Capelo Gaivota é um romance de Richard Bach, de1970. Publicado originalmente nos Estados Unidos  com o título" Jonathan Livingston Seagull - a Story". Abaixo, clipes do filme de 1973, baseado no livro. Uma admirável obra de arte. Fotografia, canções e história divinamente belos.

È uma história sobre liberdade, aprendizagem e amor
e sobre a persistência de Jonathan, que jamais desistiu!
A legenda é do filme e não da canção
 
Skybird, uma maravilhosa canção


12 de jul. de 2012

No Tempo da Inocência


Eu me lembro com saudade
O tempo que passou
O tempo passa tão depressa
Mas em mim deixou
Jovens tardes de domingo
Tantas alegrias
Velhos tempos
Belos dias
Canções usavam formas simples
Pra falar de amor
Carrões e gente numa festa
De sorriso e cor
Jovens tardes de domingo
Tantas alegrias
Velhos tempos
Belos dias

Hoje os meus domingos
São doces recordações
Daquelas tardes de guitarras
Sonhos e emoções
O que foi felicidade
Me mata agora de saudade
Velhos tempos
Belos dias

8 de jul. de 2012

Aconteceu em Jaú - Alguém oferece a alguém



  Quarta- feira, dia de Educação Fisíca. Frideberta Silvestre estava quase pronta para sair, quando sua irmã Remigía  lhe disse:
- Já vai para a aula, Frida?
- Já estou saindooo!
Sua outra irmã, Crisógona, gritou - Espera! Espera! - E veio ao seu encontro com bilhetinhos na mão.
- Coloca na urna da Rádio Piratininga pra mim, Berta?...Os meus e de minhas amigas.
  A Rádio Piratininga ficava em um sobrado na rua Lourenço Prado, bem em frente à Escola Major Prado. Às vezes Frideberta  colocava as cartinhas antes da aula e outras, depois da aula. O programa que elas gostavam de ouvir era o Ronda dos Bairros. Este programa ia ao ar no período noturno. Quando Frida no final da tarde chegava em casa, depois de um dia cansativo de exercícios e se sentindo muito bem, vinham correndo perguntar:
- Não se esqueceu de colocar as cartinhas na urna?...Colocou na urna certa?...Você se certificou que a urna era do programa Ronda dos Bairros?
E a Frida: - Tenham dó...claro que coloquei na urna certa! - Ao anoitecer, depois do jantar, Frida, Remígia e Crisógona esperavam as amigas chegarem para se reunirem ao  lado do rádio e ficavam esperando com ansiedade o tal programa começar.


 
 Quando o sonoplasta colocava para rodar o tema de abertura do programa, todas as mocinhas prendiam a respiração e Remígia pedia silêncio, repetindo várias vezes as palavras "silêncio e cala a boca geeeente"!...que quero ouvir o programa!
  Quando o radialista pegava a primeira cartinha e começava a ler, com sua voz de cantor de ópera:
- Alguém oferece para alguém  e esse alguém já sabe quem, a música de Roberto Carlos, Detalhes, com muito afeto e carinho.
 Nossa! Remígia quase caia da cadeira, pois falava emocionada:
- Essa é a minha carta que ele leu!...Essa é a minha!...Foi a primeira! Noooossa!!! É a minha!...Será que o Coreliolano está ouvindo? - Perguntava, cheia de esperança.
  A música falava sobre o ronco barulhento de um carro, mais o único  ronco que a Remígia ouvia era o arfar do namoradinho pedalando a bicicleta morro acima. E os famosos e esperados "alguém oferece para alguém", continuavam...
  Então o radialista começou a ler a cartinha da Crisógona...
- A você que me ignora mas eu te vejo todos os dias na saída da fábrica do Camargo, ofereço esta música, Distância, de Roberto Carlos.
  Já aos primeiros acordes da canção, Crisógona sentia os pelos do braço ficarem em pé e mostrava para as amigas, dizendo:
-Olha, geeente! Estou toda arrepiada! Ai, que emoção!...Será que aquele tonto está ouvindo?
  E assim se seguia toda a programação com Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Wanderléia, Martinha e outros artistas que faziam a cabeça da moçada e até os pelos do braço da Crisógona arrepiarem...E os suspiros, pelos arrepiadinhos e muita emoção se seguiam até o final  do programa, quando o radialista se despedia com sua potente voz:
- Boooa nooooite! Até a próxima Roooonda dos Bairros!!!

5 de jul. de 2012

Aconteceu em Jaú - Cassandra embaixo da cama







  Avivou na memória de Aldruda Hilária um episódio que aconteceu em certo dia do seu passado. Aldruda estudava na escola Major Prado no período matutino.
Acordou naquela manhã de sexta-feira sentindo-se bonita, cheia de vida... Espreguiçou-se, esticou-se na cama e foi escorregando lentamente por entre os lençois em direção ao chão. Então algo sob a cama chamou a atenção da moça.
Viu um livro grande e lindo de capa preta, com letras coloridas na capa. Apanhou o livro, olhou e achou magnifíca aquela aparência brilhante da capa. Sem pensar nada, colocou o livro junto
ao seu material escolar. Claro que aquele livro iria acompanhá-la até a escola. Afinal estava lá esquecido, abandonado sob a cama. Por quê não chegar na escola com aquele livrão, sentindo-se poderosa?
Aldruda tinha uma situação de muito apreço junto aos seus professores e amigas. Afinal elas haviam lido juntas Monteiro Lobato e, além de terem lido, tiveram de fazer, usando os mais diversos tipos de materiais, os personagens da história. O personagem que caiu para Aldruda, foi o Visconde de Sabugosa, o qual deu o maior trabalho à jovem.



 E, numa folga, ela lembrou do livro que havia achado sob a cama. Folheu ele rapidamente, achando até bom, pois  não habia ilustrações. Inda bem, lembra ela hoje!...
  Cassandra Rios era considerada  escritora maldita na época, mas Aldruda não sabia disso. O título do dito cujo livro era Eu e o Presidente...Nossa,  pensou ela. Devia ser um livro muito bom e importante, pensou. Já haviam estudado política e sabia de cor todos que estavam no governo...o atual presidente, os ministros, senadores, deputados e outras autoridades da época.
  Algumas amigas de Aldruda e que estudavam juntas há cerca de três anos, perceberam o tal livro e, sentando-se na escada do pátio, começaram a folheá-lo. Elas, como Aldruda, acharam o livro bonito mas tinha muitas páginas e seria cansativo ler sem ilustrações. Quando a inspetora, dona Etelvina, passou e viu as meninas com o livro, não se preocupou ou fez vistas grossas, porque afinal que mal havia em estar folheando um livro? Ela bateu o sino e Aldruda e suas amigas fecharam o livro e foram para a classe.
  Na hora do recreio, Aldruda ficou na classe para ler o livro, pois a curiosidade era maior que ela. Abriu ele aleatoriamente sem se preocupar em que página iria cair, e começou sua leitura...
  A jovem começou a  sentir suas orelhas queimarem...o rosto ficou tão corado, que ela  podia sentir o calor. Não acreditava naquilo que estava lendo. Os pensamentos embaralhavam na sua cabeça...Seria aquilo verdade ou  Cassandra era uma louca? Só podia ser, pensou a jovem. Aconteceu um branco na sua memória. Esqueceu o que lera. Depois voltava lembrar tudo. Trêmula e com medo, ela só pensava em esconder o livro. Mas, onde? Tirou sua blusa de frio pois afinal já estava com calor...e muito calor! Embrulhou o livro na blusa e escondeu o pacote debaixo da carteira. Tomara que ninguém pergunte do livro, pensava, envergonhada. Foi para o pátio sentindo uma sensação horrível, como se tivesse feito algo muito errado. Não via a hora de ir embora e colocar o maldito livro no mesmo lugar que o tinha achado.
  Percebeu que havia escapado do perigo, do ridículo e da vergonha, pois se dona Etelvina tivesse chegado mais perto e visto o livro, Aldruda certamente estaria perdida.
  Chegando em casa e, mesmo após devolver o livro ao seu obscuro lugar, Aldruda ainda sentia arrepios só de pensar no tal episódio e nas suas possíveis e horríveis consequências...

Obs: A polêmica escritora faleceu em 2002 aos 70 anos de idade.

4 de jul. de 2012

Johnny Cash - A lenda do Country


Um dos maiores astros da música do século XX



Letra de I Walk The Line - Johnny Cash


I keep a close watch on this heart of mine
I keep my eyes wide open all the time
I keep the ends out for the tie that binds
Because you're mine, I walk the line

I find it very, very easy to be true
I find myself alone when each day is through
Yes, I'll admit that I'm a fool for you
Because you're mine, I walk the line

As sure as night is dark and day is light
I keep you on my mind both day and night
And happiness I've known proves that it's right
Because you're mine, I walk the line

You've got a way to keep me on your side
You give me cause for love that I can't hide
For you I know I'd even try to turn the tide
Because you're mine, I walk the line

I keep a close watch on this heart of mine
I keep my eyes wide open all the time
I keep the ends out for the tie that binds
Because you're mine, I walk the line