Ideias Incríveis!

Ideias Incríveis!

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24 de dez. de 2012

16 de out. de 2012

Charles Chaplin

Charles Spencer Chaplin Jr. (Londres, 16 de Abril de 1889 — 25 de Dezembro de 1977), mais conhecido como Charlie Chaplin, foi um ator, diretor, produtor, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin foi um dos atores mais famosos do período conhecido como Era de Ouro do cinema dos Estados Unidos.
 

6 de out. de 2012

1 de set. de 2012

LENDAS

Um conto de Graça Aranha
 Millkau nesse tempo cismava, enquanto o sono  não o arrebatava para o esquecimento. Tinha saboreado as lendas ouvidas aos tropeiros e parecia-lhe ter arregaçado o véu que cobria a alma daqueles homens, e desfrutado deliciosamente as paisagens distintas de cada espírito e os panoramas longínquos que foram os quadros da infância de cada povo gerador. Nas lendas alemãs Milkau via passar o Reno, como um grande rio sagrado, que foi o centro e o nervo do mundo germânico, todo cheio de encantamento, e cujas louras ninfas eram as espumas das próprias águas. Ele via os quadros recuados no tempo e os quadros novos da época medieval, bruxas, cavaleiros andantes e castelos. Todo o idealismo da raça estava ali, e o que nascera nas águas do rio, criando fantasias e mitos, mantinha-se inalterável, os novos deuses latinos, penetrando no seu espírito, transmudaram-se em divindades bárbaras, as suas santas eram aquelas mesmas fadas do Reno e os santos velhos deuses sombrios e batalhadores... Na lenda do curupira outro mundo se descortinava, que era toda a alma do tropeiro maranhense. Ali estasvam a mata tenebrosa, as forças eternas da natureza que assombram e cujo símbolo era essa divindade errante que anima as árvores, que sacode do torpor tropical as feras ou que protege a natureza, intimando o homem, seu perpétuo inimigo. Ela espanta, vinga-se e beneficia, transveste-se em mil  figuras, em criança maligna, que é a sua encarnação preferida, em animal ou vegetal, conforme a astúcia ou a força o exigem... Milkau sentia naquelas lendas o encontro dos vários aspectos dos feitiços e cada um traduzia os instintos, os desejos, os hábitos diferentes dos homens,

 Mundo encantado e misterioso, esse das almas dos povos! O verdadeiro filósofo, pensava Milkau, será aquele que conhecer as origens, não só da história ou da sociedade, mas de uma alma isolada, aquele que tiver o segredo de ponderar os espíritos, de desvendar nas células cerebrais as remotas sensações vitais dos povos e que possir a intuição para distinguir na inteligência de um homem a dosagem perfeita do estranho precipitado da treva com a pureza, do ódio ingênuo de uma raça com o amor orgânico de outra.. E Milkau  ia lentamente adormecendo, feliz e sossegado naquela benfazeja
 
 noite tropical, no meio de homens primitivos, no seio de uma nova terra suave e forte, e o que era cisma da vigília se ia pouco a pouco transformando no puro sonho em que ele entrevia num horizonte iluminado, surgindo docemente, uma nova raça, que seria a incógnita feliz do amor de todas as outras, que repovoaria o mundo e sobre a qual se fundaria a cidade aberta e universal, onde a luz se não apague, a ecravidão se não conheça, onde a vida fácil, risonha, perfumada, seja um perpétuo deslumbramento de liberdade e de amor.
                                                         Graça Aranha

26 de ago. de 2012

23 de ago. de 2012

Um poeta querido Douglas Segantin


Nascido na cidade de Jaú, no dia 28 de maio de 1983,  mudou para Dois Córregos no ano de 1986. Apaixonado pela poesia é um eterno sonhador, ele é adorado por todos onde passa. Exemplo de superação, é um jovem que deve ser admirado e muito respeitado  pelo seu trabalho.
Membro da Academia Jahuense de Letras, o poeta
tem até agora cerca de 20 livros já editados.

Abaixo uma das poesias de Douglas

Sabe De Onde Venho? DE 1.983
Venho de longe
do sítio venho das colinas
verdejantes.

Venho da cidade de Jaú
cidade vizinha daqui
venho de um tanto longe
venho de 1.983.

Saudade da praça da república
do meu velho amigo velotrol
eu venho de um tanto longe,
venho de 1.983.

Venho de um tanto longe
venho de 1.983
venho das chuvas de verão
venho de um tanto longe.

Do meu jipinho preto
venho de 1.983
tio Carlos meu velho amigo
venho de 1.983.

Eu vim uma vez
da cidade de Carlópolis no Paraná
no meu chevette preto de 1.981
venho de 1.983.

Venho do vento no rosto
de vovó levando-me á fisioterapia
venho de um tanto longe
venho de 1.983.

16 de ago. de 2012

Romeiro incerto


Minha alma é como um deserto,
Por onde o romeiro incerto
Procura uma sombra em vão,
È como a ilha maldita
Que sobre as vagas palpita 
Queimada por um vulcão.
                Fagundes Varela

13 de ago. de 2012

Star Forever - Sergio Chapelin

Dois pequenos trechos do programa Show Sem Limite, apresentado por Sérgio Chapelin em sua curta passagem como animador de auditório pelo SBT, em 1983, entrevistando Mara e Gugu. No ano seguinte, Sérgio retornaria à Globo.





Star Forever - Silvio Santos


11 de ago. de 2012

Thriller gaúcho

 O divertido Guri de Uruguaiana e seu escudeiro
Licurgo em mais uma divertida performance

 

Guri de Uruguaiana e e seu fiel amigo Licurgo em uma homenagem ao Michael Jackson. A canção, como sempre, é o Canto Alegretense, de Neto Fagundes. Alegrete, RS, é a terra de Mario Quintana e outras grandes personalidades.

10 de ago. de 2012

Oração à Luz


Cândida luz estrela matutina,
Lagrima argêntea na amplidão divina,
Abre meus olhos com o teu olhar!

Viva luz das manhãs esplendorosas,
Doura-me a fronte, inunda-me de rosas
                        Para cantar!

Luz abrasando, crepitando chama,
Arde em meu sangue, meu vigor inflama,
                     Para lutar!

Luz das penumbras, a tremer nas águas,
Lagrima argêntea na amplidão divina,
                   Para sonhar!

Luz dolorosa, branda luz da lua
Embala, embebe a minha dor na tua,
                 Para chorar!

Luz das estrelas, vaga luz silente,
Cai dos abismos do mistério ardente,
Chora calvários infinitamente,
              Para eu rezar!

             E cantando,
             E lutando,
             E sonhando,
             E chorando,
             E rezando,

Faze da cega luz que me alumia
A luz espiritual do grande dia,
A luz de Deus, a luz do amor, a luz do bem,
A luz da glória eterna, a luz da luz, amém!
                                    Guerra Junqueiro



7 de ago. de 2012

Aconteceu em Jaú - Pulguéria, Bita e o Brucutu


  Era dezembro de  1970. Em Jaú o relógio marcava 17h30 na casa do seu Frumêncio. Esta estava em festa, com a presença das irmãs, cunhados e sobrinhos de Pulguéria. Faziam ponche, abriam cervejas e vinhos, enquanto as irmãs preparavam variadas porções. Era um começo de noite fresca, de lua cheia e Pulguéria começou a bebericar o ponche. Ia para a rua, conversava com as amigas que estavam na frente da sua casa, voltava e bebericava o ponche disfarçadamente, e assim fez várias vezes, sem que ninguém desse conta, tal era o falatório.
Na rua, Pulguéria, com um olhar perdido, comentou com sua irmã Fiameta:
- Bem que o Bita podia estar aqui...
Sua irmã nada respondeu e ela entrou e bebericou mais um pouquinho do ponche, enquanto a familía se distraia entre o maior falatório. As luzes da Avenida Frederico Ozanan foram acesas, e Pulguéria continuou naquele entra e sai.
Logo começou a se atrapalhar com as palavras, quando convidou os amigos:
-Vamos brincar de na mula...uma mula, mula uma...sei lá, vocês entenderam, né?
Todos se olharam, já vendo que Pulguéria não ia conseguir pular ninguém. De repente ela segurou no portão e começou a gritar, para espanto de todos:
- Eu quero o Biiita!... Bitaaa! Vem aqui Bitaa!!
As jovens conheciam o tal Bita, mas ele não dava bola para Pulguéria, pois era bem mais velho e
ela era apenas uma adolescente de 14 anos de idade.
- Pára de gritar! - Aconselhou Frideberto, primo de Pulguéria - Senão seu pai vem aqui! Páara!...
Mas Pulguéria não dava ouvidos, e começava novamente:
- Bitaaaaaa! Ei, Bita... eu quero o Biiiitaaaaa!!! Vai buscar o Bita!
O ponche já tinha feito seu efeito devastador sobre a enamorada Pulguéria.Tentaram tapar-lhe a boca, mas ela escapava; tentaram puxá-la para longe da casa, mais ela voltava e agarrava no portão e gritava alto, bem alto...
-Bitaaaa! Vem aqui Bitaaaa!!!!
A gritaria da menina causou um grande silêncio dentro da casa do seu Frumêncio, já que pararam o falatório e risos para escutar os gritos que vinha da rua. Quem estaria gritando tanto? Seu Frumêncio logo percebeu quem era a dona daqueles gritos. Tirou o cinto, dobrou-o e saiu com ele na mão, soltando fumaça pelas ventas. Atrás dele seus genros e filhas e sua esposa dona Evermonda, tentando acalmá-lo.
- Vou acabar já com essa gritaria, com essa palhaçada! Tá vendo o que dá fazer tudo que criança quer? - Reclamava seu Frumêncio - quando pediu a boneca Blá -Blá, fui correndo comprar; depois quis o boneco Blim- Blim,  lá fui eu...Não contente, quis o anel Brucutu do Roberto Carlos! Olha o que deu o anel "é uma brasa mora"...Olha! Isso é uma brasa mesmo!

 
Concluindo as reclamações, seu Frumêncio olhou para Pulguéria, cerrou os dentes e mostrou o cinto dobrado:
- Olha aqui o Bita! Você quer o Bita? Olha aqui ele!
E deu-lhe uma cintada nas pernas.
Pulguéria chorando, repetiu baixinho:
- Quero o Bitaaa...
Em minutos ela foi arrastada para dentro da casa para a tristeza de suas amigas da rua. O ponche ainda não havia acabado, mas a festa já havia acabado para Pulguéria.
E os anos passaram, muitos e muitos, e Pulguéria, por ironia do destino, acabou indo morar numa cidade chamada Barra Bonita aonde existe um bairro na entrada da mesma, conhecido por todos pelo nome de  "Bita". É mole?!

Nota do Blog: O “anel Brucutu” foi uma febre criada pela Jovem Guarda. Rapazes e moças achavam o máximo usar um anel enfeitado com o tal Brucutu, que era uma peçinha do Fusca, responsável por esguichar água no para-brisa. A peça tinha o autoexplicativo nome técnico de “bico ejetor de água para o para-brisas”. O apelido, claro, veio da música Brucutu, de Roberto e Erasmo Carlos.

    

6 de ago. de 2012

Jardins...

 
  Entre os salgueiros e os chorões, fronteiros aos pequenos prédios, cobrindo  de luz  verde as fachadas, refletindo-se em mais verde na água do canal,  no espelho da vidraça e no dos espiões, correm pequenos jardins comedidos em  largura  pela frontaria  das casas, e  tendo no centro uma ou outra casa reduzida, algumas vezes também envidraçada e servindo de galinheiro. São parquezinhos microscópicos, de bonecas, em que se condensam por abreviatura todas as fantasias dos jardineiros  paisagistas, o outeirinho onde campeia sobre talude verde um moinhozinho de dois palmos de altura, o caramanchão, para dentro do qual só se poderá entrar de gatas, com a sua competente cúpula em flecha,  terminando por um pequeno globo de espelho,  o mastro embandeirado do tamanho de uma bengala, a flexuosa avenida ensombrada por dois renques de repolhos, e na qual os pés do castelão só cabem um adiante do outro, o alecrim talhado em obelisco, cobrindo protetoramente a plataforma central como o velho cedro gigantesco do sítio, no lago às vezes vogam duas embarcações de lata ou de cortiça,  mas onde os marrecos só entram revezadamente,  por não caberem doutro modo,  um a um,  e,  finalmente, o pagode indiano ou quiosque chinês das dimensões de uma gaiola de canário, em cubos decrescentes de baixo para cima, desde o tamanho da rasa até o tamanho do meio salamim, com ângulos recurvos e um chocalho pendente de cada ângulo. Ao fundo dos jardins passa, em linha reta, como sempre, a fita do canal. Depois a outra fileira de jardins e os prédios da outra banda, Nos canais mais estreitos, onde seria impossível fazer manobrar uma bateria, o habitante serve-se,  para  atravessar a  rua por cima da água, de uma prancha que faz ponte, e que ele rejeita para a margem de que saiu, depois de ter passado para a margem oposta.
                                                                                                                Ramalho Ortigão
                                                           

3 de ago. de 2012

Jerry Lewis - Um gênio da Comédia

 
Jerry Lewis, nasceu na cidade de Newark, Nova York, em 16 de março de 1926. Sem dúvida um dos maiores comediantes de todos os tempos, além de produtor, ator, diretor,  cantor, escritor. Iniciou sua carreira artística como parceiro de Dean Martin, formando a dupla cômica que faria grande sucesso no cinema internacional.                                                                           

 
Making off - O grande astro do humor e os erros de filmagem

I'am not dog no - O rei da música brega

Waldick Soriano
Nascido em Caetité, na Bahia, filho de Manuel Sebastião Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas, Waldick Soriano (1933-2008) deixou sua cidade natal tomando o destino da maioria dos cantores sertanejos da época, para tentar a vida em São Paulo. Mas antes de ingressar na carreira artística, trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro. Apesar das dificuldades, conseguiu se tornar conhecido nos anos 50 com a música "Quem és tu?".
Ele se destacava por suas canções sobre dor-de-cotovelo e seu visual revolucionário para a época: sempre usava roupas negras, óculos escuros e chapéu. Num dos programas do apresentador Jô Soares, o músico baiano Ubirajara Penacho dos Reis - Bira - declarou que nos anos 60 tocava apenas os sucessos de Waldick. E é a pura verdade, pois no final da década de 60, o que mais se ouvia nas rádios era a música Paixão de um Homem, um dos grandes sucessos do cantor.
Outro sucesso de Waldick Soriano, a música Eu Não sou Cachorro Não, seria regravada mais tarde pelo cantor-humorista Falcão, num inglês macarrônico sob o título I dont`not Dog No. Em 2007, um ano antes da morte do cantor, a atriz Patrícia Pillar dirigiu um documentário sobre ele, com o título de Waldick, sempre no meu coração...

1 de ago. de 2012

O Tesouro da Gruta Do Corta Rabicho

Dona Victoria Domingues, nasceu na fazenda Lageado, de propriedade de seus pais, sempre ouvindo da peonada as estórias mais assombrosas, entre suas idas e vindas tangendo gado pelo sertão.
O Tesouro da Gruta do Corta Rabicho é uma delas...
Jandiro, um mocetão garboso que era só valentia, não largava do pau-de-fogo, pois quem andava pelo estradão sobre um arreio, só tendo os bois como companhia, podia topar com ladrões e por isso tinha de andar prevenido. Um dia Jandiro encilhou a besta e foi arrastar as asas em Anhembi. A noite ficou  mais pesada e a peonada ficou preocupada . 
Afinal, já era hora do terror fazer tremer o homem e nada de Jandiro.
O boiadeiro Antonio Miciano chamou os tangerinos para ir à sua procura, quando ele chegou, sem a besta.
- Cadê a montaria? - Quis saber Tiburcio. E Jandiro explicou:
- Eu estava perto do pau d' alho, quando vi uma cabeça de fogo vagando pelo areião. Era o Cumacanga, cabeça de fogo que vaga pelas estradas à noite. È a alma de um ladrão que em vida escondeu um tesouro e ele precisa indicar onde o tesouro está, para descansar em paz.
A cabeça de fogo se aproximou e eu fustiguei a besta, que refugou e me jogou de encontro a uma cerca de
  arame farpado. O Cumacanga clareava, enquanto eu tentava me soltar do arame. Livre, agradeci e ele contou que escondeu muito ouro, produto de roubos, na Gruta do Corta Rabicho, lá na Fazenda do Antonio Domingues.
No dia seguinte o assunto na fazenda era o tal tesouro.
Na boca da noite, no meio de grande barulho, portanto lampiões, enxadas e pás, peões e suas mulheres e crianças se dirigiram até a Gruta do Corta Rabicho, em busca do tesouro.
Quando chegaram perto do Ribeirão Corta Rabicho, eles foram tomados de grande pavor.
Uma explosão então, vinda da gruta, iluminou a estrada com o clarão de uma bola de fogo. Era  a Mãe do Ouro que protegia o tesouro da gruta.
 
 A bola de fogo tomou forma de uma mulher, que incendiou o próprio corpo e se lançou sobre a caboclada atirando bolas de fogo. 
Foi um" Deus  nos acuda ", um corre-corre danado. Chamuscados pelas chamas, mas são e salvos, os cablocos voltaram para casa, como um tiro, sem olhar para trás.
Totó Luiz, que não podia ver defunto, sem chorar, comentou : - Isso acotenceu para vocês aprenderem a não desenterrar coisas do esquecimento.
Tempos depois, uma estrela cadente caiu sobre a gruta, com grande estrondo, soterrando o tesouro para sempre. Terminado o relato, dona Victoria se calou, triste com a lembrança de Jandiro e dessa aventura, Jandiro era seu marido...
                                                           Ademar Roberto Silva ( do livro  Das Barrancas aos Paralelepípedos )
      

Star Forever - Tony Ramos


29 de jul. de 2012

A Cidade Do Recife





Pátria do meu amor! Recife linda!
Como te guarda o meu saudoso olhar!
Velas ao longe... Os coqueiros de Olinda...
E uma terra a nascer da água do mar...

Um céu de estrelas que antevejo ainda,
Sob as pontes, o rio a se estirar...
Noites de lua... de saudade infinda...
Brancas, que dão vontade de chorar...

Filho ingrato, parti... Mas nem um dia
Deixei de te lembrar, po mundo alheio,
Onde me trouxe a glória fugidia!

Pátria, quando eu morrer, piedosa e boa,
Dá que eu durma o meu sono no teu seio,
Como um seio de mãe que ama e perdoa...
                                             Adelmar Tavares 

27 de jul. de 2012

Aconteceu em Jaú: Hilarião e Pulguéria - Um romance escrito a giz

                                          O amor é eterno enquanto dura -  Vinícius de Morais

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente  considera-se adolescente jovens de 12 a 18 anos de idade. Se você já passou por essa fase, sabe muito bem quais são as transformações que acontecem nesse período,  seja no nosso corpo ou na nossa mente.
A novidade nessa idade é a descoberta do amor, pois  durante a adolescência  os desejos se despertam e a paixão torna-se avassaladora.  Tudo é muito intenso, forte e  "eterno" e assim aconteceu com Hilarião e Pulguéria. Se os muros da casa da Dona Frumência falassem muito poderia ser contado. Logo cedo Pulguéria já estava com os olhares no quintal de Hilarião. E ele, ao cair da tarde, sempre passeava pelo jardim nos fundos da casa e vez ou outra subia no muro muito agilmente, quando sabia que Dona Frumência não estava ali perto. Sentiam aquele  encantamento que o amor dá. E ela não perdia de vista Hilarião, para inspirar-lhe segurança e calma, e ficava muito contente.
Nessa circunstância ficaram por muito tempo, pois nenhum deles se arriscava a declarar-se ao outro o que sentia, ainda que ambos o desejassem. Assim, estavam inflamados pelo amor. Mas Pulguéria resolvera afastar o receio que os cercava. Fez um caderno tipo diário, com poesias de J. G. de Araújo Jorge, um dos poetas ícone dos apaixonados naquela época, com fotos de casais enamorados que saiam nas fotonovelas escritas por Janete Clair na série Amor, da Editora Vecchi, se bem me lembro...
A jovem, que estava com 14 anos mais ou menos, recortava com carinho as melhores cenas e colava junto com um beijo dado por ela mesma com seu melhor batom. Cartas de amor também eram escritas neste caderno. O caderno, quando pronto, foi entregue junto com uma rosa vermelha, ao amado (e pasmado) Hilarião.
E o famoso “namoro de portão” teve início, sob a  vigilância militar de pais e irmãs de Pulguéria. 
Aconteceu certo dia o que  é comum ocorrer às vezes. Nada que pudesse acarretar o fim do Planeta, mas para Pulguéria foi como a morte...Certa tarde Hilarião, passeando no seu quintal, olhou para o quintal da namorada. Este estava cheio de roupas íntimas secando ao sol, e ele, a título de brincadeira, começou a contar as peças do varal.   Pulguéria sai  para o quintal e, surpreendida e vexada  pelo ato de Hilarião, voltou correndo e chorando para dentro de casa. O céu se encheu depressa de nuvens negras...
Pouco depois,  na Avenida Frederico Ozanan, onde ficavam a casa dela e de Hilarião,  iria testemunhar uma guerra de ira adolescente.  Espumando de raiva por ter sua intimidade atingida, Pulguéria saiu e foi para o portão com um giz na mão  e escreveu em letras garrafais na lisa calçada  de cimento em frente a casa do rapaz: HILARIÃO XERETA  LADRÃO! – O ladrão era para dar rima, acho...
Ele, quando viu tal escrito, não se fez de rogado. Apanhando também um giz,  foi bem em frente da casa de Pulguéria e escreveu, com letras ainda maiores que as usadas por Pulguéria:  PULGUÉRIA MAGRELA E BACTÉRIA! – O rapaz também sabia rimar...
Assim,  após quase um ano de paquera quando o “grande amor” finalmente foi declarado, Hilarião e Pulguéria declaravam, em apenas uma tarde, seu ódio.

25 de jul. de 2012

Michael Jackson The Experience - Triller


Queimada


Nesses campos tão diversos pelo matiz das cores, o capim,
crescido e ressicado, pelo ardor do sol, transforma-se  em
vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum
tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha
do seu isqueiro.
Minando à surda na touceira queda a vívida centelha. 
Corra daí a instante qualquer aragem, por débil que seja, e
levanta-se a língua de fogo esguia e tremula, como que a 
contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que diante
dela se abrem. Soprem então as auras com mais força, e de
mil pontos a um tempo rebentam sofregas labaredas que  se 
enroscam umas nas outras, pelos matagais de taquaras , até
esbarrarem de encontro a alguma margem de rio que não 
possam transpor, caso não as tanja para além o vento, ajudando
com valente fôlego a larga obra da destruição.
Aclamado aquele ímpeto por falta de alimento, fica tudo
debaixo de espessa camada de cinzas. O fogo, detido em
pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo,
vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo,
deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento
lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos.
 
 
Através da atmosfera nublada mal pode então coar a luz
do sol. A incineração é completa, o calor intenso, e nos 
ares revoltos volitam palhinhas carboretadas, detritos, argueiros
e grânulos de carvão que redemoinham, sobem, descem e se
emaranham nos sorvedouros e adelgaçadas trombas, 
caprichosamente formadas pelas aragens, ao embaterem umas
de encontro a outras.
                                                             Visconde de Taunay

Visconde de Taunay (Rio de Janeiro, 1843-1899).

 

Michael Jackson - Smooth Criminal


Um Cromo - Natureza


Uma laranjeira, numa das faces do sobrado, derramava
ondas de perfume no quarto que olha para o nascente. Do
lado direito, uma porta no muro dava acesso ao pomar,
abrindo quase sobre um rego d'água, abundante, murmuroso,
arrastando em pequenas balsas de folha de embaúba borboletas 
de grandes asas oculadas de azul. A água do rego caía 
coleando os canteiros e lambendo preguiçosamente as raízes
das mangueiras seculares, das laranjeiras em flor.
Debruçada sobre a porta dizente ao pomar uma grande
árvore viçosa, de compridas folhas encarnadas, atraiu um
enxame de besouros, de maribondos e de beija-flôres 
cinzentos, cuja cauda branca abria-se em tesouras. E os 
pequenos seres alados, numa embriaguez de sons e de cores,
banqueteavam-se no leite viscoso da árvore.
No centro do largo pátio, um cavalo escarvava a terra,
dobrando depois os joelhos e espojando-se voluptuosamente,
à  procura de refrigério.
Junto ao muro da frente, velho boi carreiro, de pescoço
alçado, orelhas aprumadas e olhos fitos na lombada do morro
fronteiro, mugia, dolentemente, chorando talvez os companheiros
longínquos, despedindo-se talvez, com esse gemido
selvagem , repassado de angústia, dos campos saudosos de Cana
Brava, onde até então pompeara  a sua independência de filho
dos sertões. Um joão- de- barro, cheio de susto, chamava 
ansiosamente pela companheira, pulando, remexendo-se na porta
de sua casinha, levantada sobre o galho do jenipapeiro, à beira
do curral. A companheira respondia ao longe e continuava a
caçar insetos. Ouvia-se também ao longe o gemido das juritis
num chavascal escuro.  Todos os seres vivos procuravam a
sombra, na hora canicular da sesta. E o sol a pino requeimava 
a terra numa grande inundação de luz.
                                                                Afonso Arinos


23 de jul. de 2012

O semeador

 

O semeador

- " Não semeeis à beira dos caminhos
Ou sobre o pedregal ao sol fremente,
Nem consintais que a vívida semente
Role de vossas mãos entre os espinhos.

A prudência constante da serpente
Tende ao plantar, temei os passarinhos,
O sol de fogo, a inveja dos vizinhos
E a maldade do joio impertinente.

Plantai em boa terra, e grande messe
De frutos havereis". O mar cantava,
Múrmuro, leve, em trêmulos de prece.

Floria a terra virginal e mansa...
Na alma da multidão Jesus plantava
A semente do amor e da esperança.
        
                                   Durval de Morais 

Só ouça se estiver estressado...




Cria o teu ritmo




Cria o teu ritmo a cada momento,
ritmo grave ou límpido ou melancólico,
ritmo de flauta desenhando no ar imagens claras
de bosques, de águas múrmuras, de pés ligeiros e de asas:
ritmo de harpas,
ritmo de bronzes,
ritmo de pedras,
ritmo de colunas severas ou risonhas,
ritmo de estátuas,
ritmo de montanhas,
ritmo de ondas,
ritmo de dor ou ritmo de alegrias!
Não esgotes jamais a fonte da tua poesia,
enche a bilha de barro ou o cântaro de granito
com o sangue da tua carne e as vozes do teu espírito!
Cria o teu ritmo livremente,
como a natureza cria as árvores a as ervas rasteira.
Cria o teu ritmo e criarás o mundo.
                                       
                                              Ronald de Carvalho

22 de jul. de 2012

Aqui Estou




Nesse tempo Jesus ainda não saíra da Galiléia, das margens
do lago de Genezaré, mas a nova dos seus milagres chegara
já a Sichem, cidade rica, entre vinhedos, no país de Samaria.
Ora, junto a Sichem, num casebre, vivia uma viúva, desgraçada
entre todas, e tinha um filho, doente com muita febre.
O chão miserável não era coberto nem nele havia um simples 
colchão de palha...
Na lampada de barro vermelho secara o azeite. O grão faltava
na arca, o ruído dormente do moinho doméstico cessara, e
esta era em Israel a evidência cruel de infinita miséria.
A pobre mãe, sentada ao canto, chorava, estendida sobre
seus joelhos, embrulhada em farrapos, pálida e tremendo
toda...A criança pedia-lhe, numa voz débil como um suspiro,
que lhe fosse chamar esse Rabi da Galiléia, de quem ouvira
falar junto ao poço de Jacó, que amava as crianças, nutria
as multidões e curava todos os males humanos com a carícia
das suas mãos. E a mãe dizia chorando:
- Como queres que eu te deixe, e vá procurar o Rabi
da Galiléia? Obed é rico e tem servos, eu vi-os passar, debalde
buscavam Jesus por aldeias e cidades, desde Chorazi

até ao país de Moab. Septimus é forte e tem soldados, eu
vi-os passar e perguntaram por Jesus sem o achar, desde o
Hebron até o mar. Como queres tu que eu te deixe? Jesus
está longe, a nossa dor está conosco. E sem dúvida o Rabi,
que lê nas Sinagogas os Salmos e Profetas, não escuta as queixas
de uma mãe de Samaria, que só sabe ir orar, como outrora, no alto

do monte Gerazim.
A criança, com os olhos cerrados, pálida e como morta,
murmurou o nome de Jesus, e a mãe dizia chorando:
- De que me servia, filho, partir e ir procurá-lo ? Longas 
são as estradas da Síria, curta é a piedade dos homens.
Vendo-me tão pobre e tão só, os cães viriam ladrar à porta
dos casais, de certo que Jesus morreu, e com ele morreu uma
vez mais toda a esperança dos tristes.
Pálida e desfalecida, a criança murmurou:
- Mãe, eu queria ver Jesus da Galiléia.
E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse
à criança:
- Aqui estou.                                        
                                                                Eça de Queiroz

Coelho Neto - Noturno


 

Ó, grande noite serena, mãe dos lírios, dá-nos a luz da
tua  lampada suave para que ainda possamos ver esses caminhos
por onde vamos, que dizem ser de lindo aspecto: boeiros de
mármore e todo o leito da estrada de cascalhos de gandarela.  
Vem ao céu, plenilúnio argentino, desabrocha e aclara o nosso itinerário!
Sobre o cimo de um monte o revérbero diáfano aparece:
é o luar, emerge uma aresta aguda e, vagaroso, o crescente
rutila recortando o azul como a lâmina de uma foice.
Linda noite, murmuram. Debruço-me à janela do vagão
olhando a paisagem banhada no alvo e transparente luar...
Abrupto, densas trevas cegam-me, de chôfre range o trem,
solavanca, trepida, estronda, através da espessidão tenebrosa
de um túnel... O luar de novo, montes com grande acúmulos
de sombra e fagulhas que passam no ar frio da noite sossegada.
Ao longe, raro em raro, luzes, choças, de certo cantam
lá dentro modas sertanejas. Que saudades me trazem estas
cabanas pobres!...
Minha terra! Minha terra! Nas campinas do teu sertão é
assim que a gente mora, - uma cabana de palha e o vasto
campo em torno. Entanto, a Felicidade parece que prefere
as choças - raro é o pranto, e o sorriso é o penate rústico.
                                                         Coelho Neto

 


21 de jul. de 2012

Manuel Bandeira - A estrela


      Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

    Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

  Porque de sua distância
Para minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Porque tão alta luzia?

  E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

Este pequeno poema faz parte de Lira dos Cinquentanos, de Manuel Bandeira, poeta contemporâneo
( nascido em 1886 )

Casimiro de Abreu - Na dança

Tu, ontem,                      Na valsa
Na dança                       Tão falsa,
Que cansa,                    Corrias,
Voavas                          Fugias,
Co'as faces                   Ardente,
Em rosas                      Contente
Formosas                     Tranquila,
De vivo                        Serena,
Lascivo                        Sem pena
Carmim                        De mim!

19 de jul. de 2012

São Jorge - O Santo Guerreiro



São Jorge é conhecido por vários nomes e em quase todos os países. Ele nasceu na antiga Capadócia, hoje Turquia. Jorge foi um soldado e, por ser também cristão na época do império romano, foi torturado e morto.
Segundo a história, mesmo sendo soldado, Jorge falava sobre Jesus e com isso conseguiu atrair muitas pessoas para o cristianismo. Isso irritou profundamente o perverso imperador Diocleciano, que mandou prender Jorge e depois degolá-lo.
Não se sabe quando Jorge foi beatificado, mas o interessante é que ele ficou sendo conhecido como Santo Guerreiro e, a lenda diz que ele matou o dragão para o qual a princesa Sabra seria oferecida em sacrifício. Jorge depois se casaria com a princesa.
Sua imagem mais famosa é a que ele aparece montado em um cavalo branco atacando o dragão com sua lança. De acordo com os mais antigos as manchas na lua formam a figura de Jorge em luta com o dragão. Em algumas crenças religiosas São Jorge, seu cavalo e sua espada estão sempre prontos a socorrer quem lhes pede ajuda.
São Jorge é patrono de Moscou, Barcelona, Portugal, Inglaterra, Geórgia, Lituânia e Catalunha. Todos os citados países e cidades têm em suas bandeiras a cruz de São Jorge, que é uma cruz vermelha sobre fundo branco. Além disso o cristão guerreiro é padroeiro ( defensor ) do Escotismo e da Cavalaria do Exército Brasileiro.

 Cartaz de São Jorge em luta com o dragão produzido
na Inglaterra em 1919, na Primeira Guerra Mundial