Ideias Incríveis!

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14 de jun. de 2012

Aconteceu em Jaú - As Filhas de Getúlio Vargas

 
Foto de J. Poli 

  Hoje vou falar sobre a vaidade. Que depende muito do ponto de vista das pessoas. Pode ser um pecado capital, como pode ser apenas um alegre encontro de amigas numa tarde de sábado...Sem pecados. Só inocente alegria. Mas, lembrando a música de Caetano Veloso, Sampa. "Narciso acha feio o que não é espelho"... , e qualquer mulher até hoje, é bom que se saiba, está de acordo com ele. E, pensando em tudo isso, vou narrar mais um fato acontecido em Jaú....
  Evermonda e Pampinéia se reuniram numa tarde de sábado na casa de Liseta e sua irmã Fiameta, onde se encontrava todo tipo de parafernália - de esmaltes a perucas, enfim, todo tipo de acessório para deixar uma garota ainda mais bonita. Afinal era sábado e, como de praxe nessa época, as moças costumavam se dirigir à Praça Siqueira Campos ou Praça da Matriz, onde foi erejido o monumento a João Ribeiro de Barros, e ali ficavam andando em volta do jardim, e os moços ficavam parados em frente de bares, da sorveteria do Pereira e outros locais próximos à praça.
  As moças em questão começavam a se enfeitar cedo, porque tinham que voltar antes das 22horas. Liseta e Fiameta eram obrigadas pelo severo pai a levar as irmãs menores Cleta e Pulguéria. De maneira alguma elas podiam sair sozinhas. Liseta e Fiameta queriam matar Cleta e Pulguéria, pois a presença da duas crianças não as deixava à vontade com os rapazes.
  No grande espelho no quarto dos fundos da casa que funcionava como um mini salão de beleza , as perucas de variadas cores, que eram a paixão da época, além de cintos, bolsas, sapatos, casacos e estolas de pele . As pequenas Cleta e Pulguéria ficavam observando tudo isso e se maravilhando. Glicerina para o calcanhar, liso e sedoso ao tato e olhar. Unhas fortificadas com iodo e casco de cavalo (base de unha da época). Os corpos bamboleavam em frente do espelho, se estudavam em todos os ângulos, ajeitando aqui, apertando acolá. No espelho a face maquiada com sobrancelhas delineadas e cilíos de pesado negror. O lápis desenhando riscos ousados sobre e sob as pálpebras. Belos brincos brilham por entre os cabelos negros de Liseta e Fiameta, em impecável pajem acariciando os ombros. Liseta, já pronta, foi tomar água e buscar também para suas amigas, quando deu de cara com seu pai, o sr. Varlungo. Quando passou por ele, a moça deixou atrás de si um rastro de cremes e perfumes no ar.
  O sr. Varlungo já estivera observando as moças, meio que disfarçado, desde quando começaram a tal arrumação. Depois de matarem a sede, após tanto frisson, saíram da casa para a calçada, sob o olhar espantado e incrédulo do sr. Varlungo, que não se contendo, chamou a atenção da esposa, dona Varleta:
 - Varleta, minha velha, venha rápido para ver as filhas do Getúlio Vargas! As filhas do Getúlio...desculpem, as filhas do sr. Varlungo e suas amigas, conversando sorridentes, desceram pela rua. Quem viu, contou vantagem, como o velho Varlungo; quem não viu, jamais se perdoou, pois tal fato foi simplesmente imperdível e inesquecível...

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